domingo, 20 de fevereiro de 2011

Os “ininsináveis”: a verdade que o vestibular mostra

Há exatos 3 anos, desde a adoção dos chamados bônus pela UFMG, maior universidade pública de Minas e das melhores do Brasil, seu 1º lugar geral no Vestibular vem da escola pública! Alvíssaras!


O sistema funciona assim: para os oriundos da rede pública de ensino (critérios descritos no link), 10% a mais na pontuação. Se o estudante se autodeclarar negro ou pardo, 5% ainda mais.


Nos 3 links seguintes, reportagens descrevem os 1os lugares nos últimos anos: 2009, 2010 e 2011. Os chamados “cursinhos”, como sempre, se apropriam da vitória dos estudantes! Como neste ano agora, 2011, cuja estudante diz (se você ler a reportagem) que só fez cursinho meio ano.  Por exemplo, a partir de Agosto/2010. Evidentemente isto não determina o resultado de uma história vivida na rede pública! O Enem, primeira etapa, ocorreu no início de Novembro/2010!


É o mesmo caso da estudante que “fechou” o Enem 2007, que veio da rede pública. Por sinal, do CEFET/MG! Mas, seu nome apareceu na TV vinculado à propaganda de um cursinho... A propaganda é a alma do negócio, !


Cabe ressaltar, também, que os 4 casos que cito aqui são de mulheres tirando os primeiros lugares! Assim como nossa primeira presidenta, outra constatação alvissareira!


Ainda que a escola pública continue demonstrando nos exames como o Pisa e o próprio Enem uma qualidade média pior que a particular, tais fatos demonstram cabalmente que é possível, sim, atingir uma excelente qualidade na rede pública de ensino! Não existe, como digo no título, alguém “ininsinável”! Só pessoas como FHC é que acreditam em algo como “inimpregáveis”, expressão bisonhamente cunhada para esconder sua incompetência em gerar empregos nesse país!


O problema é que muita gente, por incrível que pareça, acredita nisto! O mito de que a escola pública não tem solução! E, claro, de que só na rede particular se desfruta da melhor qualidade de ensino! Sem desconhecer as pesquisas que mostram os deletérios efeitos da fome no desenvolvimento cognitivo, ou a importância do contexto social na Educação, essas afirmações são duas grandes bobagens! Os rankings do Enem já vêm mostrando o contrário! Há escolas e escolas, em qualquer rede! Veja você mesmo estes rankings: 2008, 2008 “agregado”, 2009.


Neles, vemos escolas da rede particular onde eu, por exemplo, em sã consciência, jamais matricularia minhas filhas! Ainda mais pagando! Por outro lado, a rede pública não tem um desempenho uniforme. Na rede federal, onde a média salarial é maior, o desempenho dos estudantes costuma, evidentemente, ser melhor. Melhor até que da rede particular!


O que falta ainda, nas redes públicas, é salário, capacitação e investimento! Vejo reportagens nas TVs, que nunca costumam atacar as raízes do problema. Estas remontam décadas de descaso completo das autoridades e políticos para com a Educação. O que só começou a mudar no governo Lula, pelo menos no tempo em que estive vivo e me entendo por gente! Já o que a televisão mostra também não pode ser desconsiderado: uma parte significativa de nossas escolas públicas são horríveis! Feias, sujas, destruídas, sucateadas, com professores mal pagos e desmotivados... Impossível querer que um aluno se sinta bem e ainda aprenda num lugar assim!


Como disse na postagem anterior, comentando o estudo do Ipea, que recomendo a todos tomar conhecimento, Educação pode e dá lucro. Começando pelo salário, cuja média dos professores é muito ruim, podemos ter no país Educação de excelente qualidade. E na rede pública! Não é esperar alguém fazer doutorado para ganhar bem! Na base do sistema o que temos são professores comuns, alguns inclusive sem formação, espalhados pelo país desse tamanho!


E é lá na base onde temos que acelerar as melhorias, pagá-los melhor! Dar-lhes efetivamente condições de um bom trabalho! Este é o grande nó da questão! Há estados e municípios, que concentram a maior parte das matrículas até o Ensino Médio, cujos salários e condições de trabalho são medíocres! Seguindo a lógica do capitalismo, o que esperar a não se uma Educação medíocre, também?


Aí, qualquer mudança fica muito mais difícil... Mas é o único caminho: cuidar da base do sistema, na rede pública, em cada estado, em cada cidade. Ou sequer teremos condições de dizer que atingimos a democracia plena. Porque nem todas as pessoas terão começado com oportunidades iguais na vida, como hoje de fato não têm!

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