A Educação tem ocupado manchetes de jornais nos últimos dias. Infelizmente, não com boas notícias! Aliás, as únicas boas que vi, na última semana, vieram da Conferência Nacional de Educação (CONAE). No mais, greves: em Minas, indicativo nas particulares, greve municipal em BH, greve prevista na rede estadual; em São Paulo, greve na rede estadual; na UnB, em Brasília; na Paraíba; ameaça no Rio...
Como uma eventual greve na rede particular em Minas me afeta, sou obrigado a dizer para meus alunos as razões pelas quais eu deveria fazê-la! Ninguém pára de trabalhar, reivindicando algo, a lazer. O caso é que, neste ano, a proposta do sindicato patronal nos obriga a parar! Algumas delas: extinguir a estabilidade (que, na verdade, nunca tivemos de fato!); reajuste de 3,5 % (abaixo da inflação!) + redução de 10 % do salário (extra classe) = – 6,5 % (diminuição salarial!); extinção do direito a bolsas de estudo para filhos e cônjuges, e por aí vai... Veja nossa pauta de reivindicações. Realmente, parar ninguém quer, mas esta proposta patronal é o fim da picada!
Há muitos anos a Educação, apesar de muito falada, vem sendo pouco a pouco desvalorizada no nosso país. Espero que tenhamos chegado ao fundo do poço, pois se piorar ainda mais será aterrador! Basta verificar os resultados do PISA, exame internacional que compara o Brasil com outros países e leva em conta o que seria uma espécie de média da Educação nacional, aferindo tanto a rede pública quanto a particular. Ocorreram avanços, de fato, mas estamos longe do ideal, ou mesmo do aceitável! Ficamos nos últimos lugares, sempre! Como exemplo, segue a tabela abaixo, retirada do próprio MEC, do exame de 2000, apenas como ilustração.
Como uma eventual greve na rede particular em Minas me afeta, sou obrigado a dizer para meus alunos as razões pelas quais eu deveria fazê-la! Ninguém pára de trabalhar, reivindicando algo, a lazer. O caso é que, neste ano, a proposta do sindicato patronal nos obriga a parar! Algumas delas: extinguir a estabilidade (que, na verdade, nunca tivemos de fato!); reajuste de 3,5 % (abaixo da inflação!) + redução de 10 % do salário (extra classe) = – 6,5 % (diminuição salarial!); extinção do direito a bolsas de estudo para filhos e cônjuges, e por aí vai... Veja nossa pauta de reivindicações. Realmente, parar ninguém quer, mas esta proposta patronal é o fim da picada!
Há muitos anos a Educação, apesar de muito falada, vem sendo pouco a pouco desvalorizada no nosso país. Espero que tenhamos chegado ao fundo do poço, pois se piorar ainda mais será aterrador! Basta verificar os resultados do PISA, exame internacional que compara o Brasil com outros países e leva em conta o que seria uma espécie de média da Educação nacional, aferindo tanto a rede pública quanto a particular. Ocorreram avanços, de fato, mas estamos longe do ideal, ou mesmo do aceitável! Ficamos nos últimos lugares, sempre! Como exemplo, segue a tabela abaixo, retirada do próprio MEC, do exame de 2000, apenas como ilustração.
Claro que devemos levar em conta que houve avanços mostrados no PISA de 2003 e 2006 (2009 ainda não saiu). E que temos que considerar também a situação sócio-econômica dos alunos, que a base de comparação do Brasil com países desenvolvidos é desigual, etc, etc... Mas, dentro da sala de aula, em conversas com outros professores, nas escolas, o que sinto é que os péssimos resultados no PISA são sim, infelizmente, muito verdadeiros! Bem como reconheço que houve esforços e avanços nos últimos anos. Pelo jeito nosso próprio presidente Lula sabe da situação dos professores, como mostra este trecho de discurso "lincado" aqui. No balanço que o Ministro da Educação faz nesta reportagem, são destaques a abertura de dezenas de filiais (campi) Federais, o PROUNI, mais investimento em Educação, melhoras nos sistemas de avaliação, entre outros. Porém, e lendo esta outra reportagem, que recomendo que todos os professores o façam, embora eu não tenha conferido os dados na PNAD, “não há profissão de nível superior que remunere tão pouco seus profissionais”. No caso, nós, professores! Isto por si basta para escancarar a completa falta de importância que a Educação como um todo ainda tem no país! E não é de admirar nossas notas preocupantes no PISA! Avanços foram tímidos em face da gravidade da situação!
Duas pesquisas mostram bem o quadro preocupante. A primeira, da UNESCO, quanto à situação do professor no Brasil. Por ela, vemos que, em decorrência destes dados, apenas os relativamente piores alunos bem como os oriundos das camadas sociais mais humildes ainda se animam a virarem professores no país. Claro: quem quer trabalhar muito e ganhar mal? Somente aqueles para os quais o que eu considero um mau salário possa representar um ganho, uma ascensão, ou seja, oriundos das camadas mais humildes. A outra pesquisa mostra o déficit de investimento em Educação no Brasil. Teria que ser investido muito mais do que hoje é para alcançarmos um nível de Educação melhor. Educação esta que, pelo critério do PISA, sob todos os ângulos que vejo, é muito ruim! E a desculpa de querer comparar o Brasil apenas com países em desenvolvimento não cabe, posto que a competição, no mundo, é global.
O pior de tudo é que sinto, dentro de sala, o desinteresse e desleixo com a Educação por parte de vários alunos! Pensando em como eu e meus contemporâneos estudamos, com um livro texto em preto e branco, professor, quadro e giz e olhe lá... Hoje, apostilas, livros, internet, plantões para solução de dúvidas, multimídia... Nada disto tem adiantado! Alunos dedicam cada vez menos tempo aos estudos! E o efeito disto ao longo de vários anos é devastador! Pergunto com freqüência em sala quem fez a tarefa (antes se chamava “dever de casa”!) e comumente não chega a 20, 10 % dos alunos. Só posso acreditar que suas famílias, que pagam e cobram tanto da escola particular, acham isto normal. Como também tem sido normal alunos no 3º ano com dificuldades básicas em Matemática e Português. Por outro lado, no CEFET/MG, onde os alunos são selecionados num vestibulinho até muito concorrido, vejo o contrário: uma turma boa de serviço, em condições ideais! Trabalho no laboratório, com 10 alunos por turma, muito tranqüilo. Já notei que posso apertar meus alunos que eles correspondem! Até hoje nenhum deles nunca reclamou de nada, tão diferente da rede particular onde reclamam de tudo! Só não fazem mesmo é estudar! Mesmo tendo absolutamente todas as condições para isto! Mas, para uma grande maioria, passar 4 horas por dia sentado, estudando, é uma tarefa muito árdua! Há inclusive famílias que chegam a reclamar do excesso de tarefas! Sem comentários... Gosto de lembrar do exemplo da Coréia!
Assim, creio que é o momento propício para que a sociedade, como um todo, leve a Educação mais a sério. Se o país está crescendo e quer se tornar uma potência num futuro breve, não há outro atalho: educar e educar. A Educação não só é capaz de formar profissionais mais qualificados, e anda faltando mão de obra, mas ela afeta toda esta mesma sociedade. Se jogam lixo na rua, se os índices de violência aumentam, se não se respeitam as leis de trânsito, se o cidadão não enxerga o interesse coletivo acima do individual, tudo isto passa pela Educação. Ela é que pode transformar a fundo este país, não só o dinheiro, o capital. Este, quando se gasta mal, sempre acaba. A Educação não: é um investimento promissor, que rende, no futuro. Nem sempre futuro imediato, não se investe hoje para colher ano que vem!
Voltando ao começo, a paralisação de amanhã, na rede particular, passa justamente por aí. Melhorar a Educação sem valorizar e pagar melhor, cada vez melhor, ao professor, é uma tarefa impossível. Na CONAE, semana passada, vimos diretrizes neste sentido: reduzir o número de alunos em sala, aumentar investimentos em Educação em relação ao PIB, trazer a Educação para próxima da realidade do mundo e da vida, tudo isto é bem vindo! Desde que saia do papel!
Cabe lembrar o compromisso que nós, professores, sempre tivemos especificamente com o 3º Ano do Ensino Médio e Pré-Vestibular: nem os vestibulares nem o ENEM seriam adiados no caso de uma greve. Eu mesmo era aluno do 3º ano na vitoriosa greve de 1989, onde conquistamos vários dos direitos que hoje corremos o grave risco de perder, e estudei normalmente. Mas, para mim, também seria a única exceção! Todas as outras aulas, em qualquer caso, podem ser repostas. Defenderia isto na assembléia amanhã, mas não posso ir, pois trabalho na rede Federal. Até porque, se houver greve, o que desejo que não ocorra, pelo desgaste que sempre é, nunca a adesão é total. Assim, algumas escolas com 3º funcionando e outras não terão efeito imediato. Alunos preocupados pedirão transferência, e com razão. E, se uma empresa perde clientes, se inviabiliza, o que é ruim para todos nós! Mas, irei acatar democraticamente o que for decidido por minha categoria. E, especificamente, por meus colegas, em cada escola, neste caso.
Veja novamente a pauta de reivindicações, que linquei também no início, e leve o seguinte dado em conta: em BH o reajuste das mensalidades foi de mais de 8%, acima do IPC. De 2002 até hoje, assustadores 70,68%! E afianço-lhes que meu salário não subiu nem perto deste índice! E querem que eu reduza meu salário... Complicado justificar, né!
Duas pesquisas mostram bem o quadro preocupante. A primeira, da UNESCO, quanto à situação do professor no Brasil. Por ela, vemos que, em decorrência destes dados, apenas os relativamente piores alunos bem como os oriundos das camadas sociais mais humildes ainda se animam a virarem professores no país. Claro: quem quer trabalhar muito e ganhar mal? Somente aqueles para os quais o que eu considero um mau salário possa representar um ganho, uma ascensão, ou seja, oriundos das camadas mais humildes. A outra pesquisa mostra o déficit de investimento em Educação no Brasil. Teria que ser investido muito mais do que hoje é para alcançarmos um nível de Educação melhor. Educação esta que, pelo critério do PISA, sob todos os ângulos que vejo, é muito ruim! E a desculpa de querer comparar o Brasil apenas com países em desenvolvimento não cabe, posto que a competição, no mundo, é global.
O pior de tudo é que sinto, dentro de sala, o desinteresse e desleixo com a Educação por parte de vários alunos! Pensando em como eu e meus contemporâneos estudamos, com um livro texto em preto e branco, professor, quadro e giz e olhe lá... Hoje, apostilas, livros, internet, plantões para solução de dúvidas, multimídia... Nada disto tem adiantado! Alunos dedicam cada vez menos tempo aos estudos! E o efeito disto ao longo de vários anos é devastador! Pergunto com freqüência em sala quem fez a tarefa (antes se chamava “dever de casa”!) e comumente não chega a 20, 10 % dos alunos. Só posso acreditar que suas famílias, que pagam e cobram tanto da escola particular, acham isto normal. Como também tem sido normal alunos no 3º ano com dificuldades básicas em Matemática e Português. Por outro lado, no CEFET/MG, onde os alunos são selecionados num vestibulinho até muito concorrido, vejo o contrário: uma turma boa de serviço, em condições ideais! Trabalho no laboratório, com 10 alunos por turma, muito tranqüilo. Já notei que posso apertar meus alunos que eles correspondem! Até hoje nenhum deles nunca reclamou de nada, tão diferente da rede particular onde reclamam de tudo! Só não fazem mesmo é estudar! Mesmo tendo absolutamente todas as condições para isto! Mas, para uma grande maioria, passar 4 horas por dia sentado, estudando, é uma tarefa muito árdua! Há inclusive famílias que chegam a reclamar do excesso de tarefas! Sem comentários... Gosto de lembrar do exemplo da Coréia!
Assim, creio que é o momento propício para que a sociedade, como um todo, leve a Educação mais a sério. Se o país está crescendo e quer se tornar uma potência num futuro breve, não há outro atalho: educar e educar. A Educação não só é capaz de formar profissionais mais qualificados, e anda faltando mão de obra, mas ela afeta toda esta mesma sociedade. Se jogam lixo na rua, se os índices de violência aumentam, se não se respeitam as leis de trânsito, se o cidadão não enxerga o interesse coletivo acima do individual, tudo isto passa pela Educação. Ela é que pode transformar a fundo este país, não só o dinheiro, o capital. Este, quando se gasta mal, sempre acaba. A Educação não: é um investimento promissor, que rende, no futuro. Nem sempre futuro imediato, não se investe hoje para colher ano que vem!
Voltando ao começo, a paralisação de amanhã, na rede particular, passa justamente por aí. Melhorar a Educação sem valorizar e pagar melhor, cada vez melhor, ao professor, é uma tarefa impossível. Na CONAE, semana passada, vimos diretrizes neste sentido: reduzir o número de alunos em sala, aumentar investimentos em Educação em relação ao PIB, trazer a Educação para próxima da realidade do mundo e da vida, tudo isto é bem vindo! Desde que saia do papel!
Cabe lembrar o compromisso que nós, professores, sempre tivemos especificamente com o 3º Ano do Ensino Médio e Pré-Vestibular: nem os vestibulares nem o ENEM seriam adiados no caso de uma greve. Eu mesmo era aluno do 3º ano na vitoriosa greve de 1989, onde conquistamos vários dos direitos que hoje corremos o grave risco de perder, e estudei normalmente. Mas, para mim, também seria a única exceção! Todas as outras aulas, em qualquer caso, podem ser repostas. Defenderia isto na assembléia amanhã, mas não posso ir, pois trabalho na rede Federal. Até porque, se houver greve, o que desejo que não ocorra, pelo desgaste que sempre é, nunca a adesão é total. Assim, algumas escolas com 3º funcionando e outras não terão efeito imediato. Alunos preocupados pedirão transferência, e com razão. E, se uma empresa perde clientes, se inviabiliza, o que é ruim para todos nós! Mas, irei acatar democraticamente o que for decidido por minha categoria. E, especificamente, por meus colegas, em cada escola, neste caso.
Veja novamente a pauta de reivindicações, que linquei também no início, e leve o seguinte dado em conta: em BH o reajuste das mensalidades foi de mais de 8%, acima do IPC. De 2002 até hoje, assustadores 70,68%! E afianço-lhes que meu salário não subiu nem perto deste índice! E querem que eu reduza meu salário... Complicado justificar, né!
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