segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Como evolui um vestibular

Hoje, gostaria de comentar o excelente artigo que encontrei, meio por acaso, chamado EVOLUÇÃO DO PERFIL DA PROVA DE FÍSICA DO VESTIBULAR DA UFMG. Assinado por Simone Fernandes e pelo professor José Guilherme Moreira, ele traça um perfil das provas de Física da 1ª Etapa da UFMG ao longo do tempo. Desde a década de 70.
Muito interessante observar como as questões passam do quantitativo ao qualitativo. Do estilo fórmula-conta para - no máximo - o semi-quantitativo (proporcionalidade). A transição clara do decoreba para a interpretação. E, inclusive, como a qualidade gráfica da prova evoluiu e melhorou, muito!
Considero um excelente texto para os alunos. Para que vejam como o Ensino, e a cobrança, mudaram. Em muitos casos, infelizmente, para pior... Antes, tínhamos escolas para poucos, mas com qualidade. E, hoje, escola para praticamente todos, mas a qualidade discutível em muitos casos. Seria bom que os alunos vissem como muitos não conseguem resolver questões de 30 anos atrás! E, finalmente, treinar um pouco de linguagem científica, cobrança explícita da matriz de habilidades do Novo ENEM.
Para os professores, compreender como é importante acompanhar tais mudanças. Que refletem novos paradigmas na Educação. E para pensarmos para a mudança já em curso, que é a própria implementação do ENEM como vestibular. Com suas múltiplas e profundas conseqüências.
Fui aluno de vários dos professores citados, a quem devo muito conhecimento e presto minha admiração. Certamente estão entre aqueles que contribuíram demais para a Ciência e a Física, particularmente em Minas, na UFMG.
Espero que algum dia, num futuro próximo, tenhamos alunos médios tão bons quanto os que passavam na UFMG em 1975!

3 comentários:

  1. Opa Prof. Rodrigo,

    Por que você acha que o ensino da década de 70 era de qualidade? Porque era excludente? Porque ensinava uma quantidade enorme de coisas que jamais seriam utilizadas pelos alunos?

    O que seria, objetivamente, um ensino bom? No mais, bem legal esta análise da prova... cheguei aqui pelo seu ótimo twitter.

    abração

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  2. Caro Sérgio, por abalizada a sua pergunta, claro que merece toda atenção e resposta.

    Quando o comparo o Ensino da década de 70 com o de agora, cito explicitamente que ele era excludente! E, é claro, sua democratização é sim, um enorme avanço! Fundamental até para o país, um Brasil que se pretende grande!

    Quanto a ensinar uma porção de coisas que jamais seriam usadas, convenhamos, mudou muito pouco! Ou alguém terá que me convencer de que calcular a energia potencial elétrica, conhecer a chamada radiação de corpo negro e a “catástrofe do ultravioleta”, determinar o coeficiente de restituição em uma colisão e descrever o movimento helicoidal de uma carga num campo magnético - aliás, que não “realiza trabalho” - sejam todos assuntos relevantes para o dia a dia... E estão entre os programas de vestibular e entre os conteúdos que nós dois ensinamos, em sala de aula!

    Objetivamente, um ensino “bom” seria aquele que conseguisse vincular, como você mesmo referiu, o estudo teórico com as necessidades básicas do cidadão, em sua plenitude, em sua vida. E, neste caso, não só uma Ciência contextualizada e de fato útil, mas valores tão ou mais importantes quanto: Ética, Cidadania, Consciência Ecológica, Inclusão e Solidariedade. Assuntos muito distantes dos nossos “programas” de Física, também! Cuja ausência mostra conseqüências catastróficas na sociedade!

    Porém, e para além disto, uma escola boa seria aquela que conseguisse tais objetivos, e com os avanços já conquistados: mais aberta e democrática, como ela é hoje; que incorpore a tecnologia, como grande parte já o faz, mas muitas ainda não; com diálogos e não monólogos em sala, o que é hoje uma prática bem comum; e com participação de toda a sociedade, o que por aqui ainda é muito raro...

    E, principalmente, uma escola que cumpra seus objetivos, e realmente Ensine. Não uma que forme no Ensino Médio analfabetos funcionais, com dificuldades básicas na Matemática elementar, como todos nós temos visto. Não só na rede pública, inclusive na particular. E até no Ensino Superior! Infelizmente...

    Assim, Sérgio, antes, na década de 70 e nas passadas, conhecimentos inúteis ou não, pelo menos a Escola os Ensinava. Agora, não podemos garantir nem isto, tirando ilhas de excelência que não são a média nacional. Vide nossa participação no PISA, exame internacional que mede a qualidade do Ensino, nas redes pública e particular. Que, aliás, não mostra diferença gritante entre as duas! E estamos sempre nos últimos lugares, uma vergonha inconteste!

    Enquanto professores, tão desvalorizados que somos pela própria sociedade, que não incorpora mais a Educação e o Conhecimento como Valores, ainda podemos trabalhar para que o futuro seja mais alvissareiro, apesar de tudo. Mesmo quando vemos governadores entrarem na Justiça contra um piso de R$800,00, menos de dois Salários Mínimos! E creio que uma das maneiras de o fazermos é justamente reconhecendo que o Aprendizado não anda lá muito bom, em geral.

    Não que a culpa seja exclusivamente nossa, absolutamente! A mídia e uma parte da própria sociedade querem nos imputar responsabilidades que absolutamente não compartilhamos! Contudo, sendo parte integrante e primordial no processo, podemos e devemos opinar sobre o que é bom e o que não é, o que funciona e o que não, o que nos cabe e o que extrapola. O que não devemos de forma alguma é na mesmice e no comodismo mais práticos referendarmos o que aí está.

    Pois, se a escola um dia conseguiu Ensinar, e este dia nem é assim, tão longínquo, é evidente que é perfeitamente possível que ela volte a fazê-lo! E com nossa contribuição!

    Mas, não acredito que seja continuando como está...

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  3. Opa Prof. Rodrigo.

    Eu tenho que assinar em baixo da sua resposta. Nem mais nem menos... é que eu fiz uma leitura errada do texto anterior.

    Acho que este texto ficou tão legal que vou tuitar :-)

    abração

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