Quando entrei na UFMG, em 1990, conheci os computadores do antigo LCC. Eram de telas de fósforo, verdes, muito feios! Já conhecia outros antes. Mas, a julgar daquela época, parecia que os computadores seriam destinados apenas aos profissionais do ramo, de uso muito específico, não para o cidadão comum. Aí veio o Windows!
Este sim, quando chegou, mudou tudo! Os preços dos computadores começaram a ficar menores e a classe média já podia fazer uma forcinha para comprá-los. O segredo não era nem o preço: o Windows tornou os computadores utilizáveis pelos simples mortais. Sem a chatice do DOS! E olha que ainda não era uma sombra do que o programa é hoje! E basicamente este programa fez o homem mais rico do mundo, o famoso Bill, o Gates...
Só que, junto com o uso e popularização dos PCs, agora dos note e netbooks, o Windows dominou o mercado! Se os computadores caminham para estarem em todas as casas, o Windows caminha para estar em quase todas! Veja abaixo um gráfico do tráfego em meu site, o Física no Vestibular, por sistema operacional – monitorado pelo SiteMetter. Só dá Windows!
Fiz uma pesquisa básica, utilizando apenas o Shopping UOL, sobre os preços de programas comuns utilizados em computadores residenciais ou não. Veja:
Windows Vista:
- menor preço versão Home Premium = R$237,60
- maior preço versão Ultimate Full = R$899,00
Microsoft Office 2007:
- menor preço versão Home and Student = R$169,91
- maior preço versão Professional Full = R$1.499,00
Antivírus Norton: menor preço versão 2009 Full = R$79,00
Adobe Photoshop Elements 7.0 Windows Inglês = R$299,00
Chegamos à conclusão, por esta pesquisa, que um computador residencial – empresa é outra estória – com o básico mais Photoshop sai de cerca de R$800,00 até mais de R$2.500,00 para funcionar, fora o custo da própria máquina! Estes preços parecem explicar a gigantesca pirataria que vemos no Brasil! Quase ninguém compra programas de computador, e todo mundo sabe disto, inclusive a Microsoft. Apenas empresas, mais fiscalizadas. Qualquer técnico mais ou médio em informática vem à sua casa, instala o que você quiser a preços relativamente módicos!
Porém, estou chegando à conclusão de que este é um ledo engano! Achar que estamos lucrando o que quer que seja nesta pirataria! Vejamos...
Cada vez que instalamos um programa pirata não só estamos cometendo um crime – praticamente inimputável no Brasil, é verdade – como, de brinde, estamos concretizando e mantendo o domínio e monopólio da Microsoft, e isto é péssimo para todos nós! É justamente por isto que mesmo conhecendo a pirataria ela continua atualizando os computadores on line – update! O que seria fácil barrar! Veja os computadores à venda: a maioria absoluta já vem com Windows, impactando o preço final. Por que os fabricantes não vendem mais barato com Linux e deixam o usuário mandar ver na pirataria normal e corriqueira? O que ganham instalando previamente o Windows e vendendo mais caro cada máquina quando poderiam vender mais barato com Linux, livre, por exemplo? Ora bolas, mais barato vende mais, porém no Brasil apenas a minoria não vem com Windows... O que há por trás desta estranha mania de vendedores oferecerem mais caro o que poderiam vender mais barato? Interesses, claro...
O preço do Windows para fabricantes não é o que custa para nós, usuários. Eles podem ganhar nos revendendo... A própria Microsoft pode patrocinar a instalação do Windows, com interesses em manter seu monopólio. Ela já foi condenada pelo caso do Internet Explorer, lembremos.
Quando este governo baixou os impostos em informática percebendo a importância de se popularizar o uso de computadores, cuja venda de fato cresceu muito, houve uma celeuma justamente a este respeito! A Microsoft simplesmente queria que os computadores já saíssem com Windows, como se vender com Linux fosse proibido! O mesmo se deu no projeto “um laptop por aluno”, quando ela ofereceu uma versão barata, e vagabunda, do Windows para equipá-los!
Todo monopólio é, por natureza, ruim. No caso do Windows, então, é muito pior! Pois a informática caminha para estar em tudo, em todas as partes! Daí a opção, mais do que correta, do governo em adotar o software livre, o Linux e similares, no caso. Órgãos públicos, empresas públicas, escolas, etc, utilizam o Linux, preferencialmente, e não só pelo preço! Também pela qualidade, confiabilidade e por outra questão até mais simples e muito mais importante: segurança!
O fato de ser livre significa que todos que quiserem conhecem o código do programa, o que ele realmente faz e não faz, podem dar pitacos e melhoramentos, apontar as falhas e propor correções... E o Windows? Oficialmente, ninguém além dos donos o conhece! Claro, os hackers deitam e rolam! Vide o turbilhão de vírus que pululam na rede! Os golpes, os furtos on line! Se uma empresa quiser desenvolver um produto sob a plataforma Windows, além de pagar pelo uso, ainda assim, ela só tem acesso à uma parte do código, teoricamente a parte que lhe interessa, o resto não!
Portanto, críticas várias à parte, a migração para o software livre é uma necessidade de ordem estratégica. Só que, por comodismo, como já nos acostumamos há anos a utilizar uma plataforma que funciona relativamente bem – bom, isto para quem não fuça muito, como eu, para quem o Windows sempre viveu dando problemas! – ficamos com preguiça, literalmente, de ter que aprender tudo de novo! Algo como que começar do zero... Aliás, no meu caso, desde que o Vista chegou, eu vi e não gostei... Nunca utilizei!
Fiz uma força e estou migrando aos poucos. Hoje tenho duas máquinas em casa: uma veio com XP, que mantenho, e outra Linux - Susie. De fato, usar o OpenOffice não é o fim do mundo! Ou, como a comunidade Linux gosta, existe vida além do Windows! E algumas versões Linux são bem amigáveis! Aos poucos, vamos pegando o jeito da coisa! Tem bastante material também, gratuito, na internet, e que ajuda muito! Para quem só tem um computador, é possível parti-lo em 2: meio Linux, meio Windows, separados. Mas, é mais chato.
De qualquer forma, creio que a maioria dos usuários não teria nenhum problema, pois utilizam menos de 20% dos recursos de um computador! Se for só para escrever e acessar a internet, o que atende a uma boa parte, é muito simples mudar e se acostumar bem!
Por outro lado, a Microsoft contra-ataca! Vejam o Office 2007, com suas extensões “x”: docx e etc... Isto só para não combinar com nenhuma outra! Não uso estas extensões!
Até pela ajuda do governo, o Linux vem ganhando espaço no Brasil. Para nós, da rede particular de ensino, viciados em Windows, é bom irmos abrindo os olhos e fazendo lá outras experiências. Ou poderemos ser surpreendidos pela realidade à nossa volta. E, quando acordarmos, em alguns anos, seremos obrigados a aprender rápido e pior, na marra!
Afinal, as vantagens do Linux são praticamente imbatíveis, por mais que a Microsoft copie: é grátis, é mais estável e seguro, é menos vulnerável a vírus, é mais personalizável, enfim...
Quem já migrou para o Firefox, ou mesmo o recente Chrome, ou ainda o Opera e o Safari, e largou o Explorer tem uma pequena amostra dos benefícios! Parece que o povo que visita meu site, curiosamente, sabe disto!
Como já dizia o sábio Nelson Rodrigues, “toda unanimidade é burra”!
De fato, o monopólio da Microsoft sobre às outras empresas de software para computadores é gigantesco e obviamente notório, mas hoje, podemos observar que este mesmo vem diminuindo, com o gráfico que o senhor mesmo mostrou dos navegadores alternativos. Eu particularmente venho migrando aos poucos para a Apple, começei com a compra do meu iPhone, e vi, que os aparelhos ''conversavam'' muito melhor, quando sao da mesma marca, isso é uma jogada muito boa, para que quem, como eu, que esta mudando aos poucos de software, veja beneficios em relação ao software dominante, o Windows.
ResponderExcluirRodrigo, ótimo artigo, desse jeito me tornarei um usuário assíduo do quantizado blog.